Uva Nero di Troia: A Sulista da Terra da Bota
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A uva Nero di Troia possui uma particularidade interessante. Conforme ela vai ficando escassa, mais o interesse em torno dela cresce.
Isto contraria as tendências de popularização de produtos, tão comuns no mercado.
Mas estamos falando de vinho e de Itália, especialmente do Sul, onde nem todas as regras conhecidas em outros lugares se aplicam.
Vamos conhecer mais do maravilhoso mundo de sabores da uva Nero di Troia.
Origem e Características
Quem já conheceu a Itália, certamente, em cada lugar que visitou, apaixonou-se de um jeito especial.
Mas existe algo no sul que encanta de uma forma única. E é esta sensação que se tem quando se conhece a Puglia.
Também conhecida como “terra do salto da bota”, é onde se cultiva a uva Nero di Troia.
O nome da uva vem da cidade de Troia, que fica na província de Foggia.
Segundo a lenda, foi fundada pelo herói grego Diomedes, que lutou na Guerra de Tróia (e, que segundo a Eneida, de Virgílio, estava dentro do cavalo) e saiu vencedor.
Claro que, como já sabemos, existe sempre uma vasta confusão taxonômica, com nomes que mudam conforme os tempos e localidades, como:
Sumarello;
Uva di Canosa;
Uva di Barletta;
Tranese;
Uva della Marina.
A primeira vez que o termo Uva di Troia aparece em documentos oficiais está nos estudos ampelográficos do Professor Giuseppe Frojo em 1875.
Ele era Diretor da Cantina Sperimentale di Barletta era admirador da cultura neoclássica, Frojo rebatizou o então chamado Vitigno di Canosa como Uva di Troia. Depois o “Nero” foi incorporado ao nome.
Embora hoje existam muitos clones disponíveis dela, dois biótipos muito diferentes entre si são geralmente identificados hoje, a versão Barletta ou Ruvo e a versão Canosa.
A Barletta tem cachos e bagos de grande porte, enquanto a Canosa traz bagos cilíndricos e menores.
Esta segunda possui cultivo mais complexo, principalmente graças ao longo período e maturação, que a deixa com o risco de ficar exposta a situações climáticas adversas.
Por causa disso, a dificuldade do plantio tem propiciado uma, cada vez maior, escassez desta uva.
É necessária muita paciência, paixão e recursos para conseguir produzir uma bebida de qualidade. Com o tempo, ela foi sendo substituída pela Negromaro e Primitivo.
Para dar um exemplo, por volta do ano 2000, a área cultivada era um quinto do que era dos anos 70, com cerca de 1700 hectares plantados.
Até por isso que a maioria dos vinhos com a uva Nero di Troia traz outras variedades como Montepulciano, Bombino Nero e Sangiovese.
Os Vinhos da Uva Nero di Troia
Com cores ricas, tendendo para o rubi intenso quando jovens, e quanto os mais envelhecidos vão ficando mais granada.
No nariz, os mais jovens vão trazer um gosto de frutas vermelhas, com notas de ervas. Já os “Riserva” pode trazer algumas complexidades a mais, como especiarias leves e tabaco, e um pouco mais mineral.
Já no paladar temos uma riqueza de estrutura surpreendente, com frescor, acidez, taninos destacados que entregam impacto com integridade, além de manter uma boa persistência.
Alguns vinhos que podemos citar com a uva Nero di Troia:
Infinitum Nero di troia IGT;
Ottagono Castel del Monte Riserva 2013 DOCG.
E para harmonizar? Carnes vermelhas, porco, especialmente cortes do lombo, massas recheadas, salames, queijos duros e molhos com intensidade média.
Então, não perca tempo e vá conhecer esta preciosidade que são vinhos feitos com a uva Nero di Troia.