A Ilha da Madeira é lugar que possui uma localização realmente especial, pois permite que lá sejam feitos vinhos diferentes e magníficos.

 

O Arquipélago da Madeira, cuja principal ilha leva o mesmo nome, fica mais próximo da África que, necessariamente da Europa. E esta parte ultramarina de Portugal, tem virtuosa história de fabricação de vinhos.


A sua importância histórica jamais poderia ser desprezada, e vamos aqui mostrar porque os vinhos da Ilha da Madeira devem entrar no rol das grandes bebidas de todos os tempos.



A História Dos Vinhos Da Ilha Da Madeira


Não dá para citar os vinhos sem antes dar aquela pincelada na própria história da ilha. Ela foi descoberta em 1419, pois foi nessa época que portugueses começaram a fazer contínuas explorações na costa africana.


Em 1450 já se fazia vinho por lá, e ele foi degustado pelos maiores próceres de sua época e de outras, incluindo aí Shakespeare e Napoleão.


Isto porque logo foi implantado o cultivo de videiras, que foram trazidas da região do Minho, junto com cana-de-açúcar e trigo.


As anotações de Luis de Cadamosto, navegador oriundo de Veneza, relatam a introdução da uva Malvasia de Cândia logo na aurora da colonização insular.


O que impressiona é que pouco tempo depois, ela já havia conquistado vários apreciadores de vinho ao redor do globo.


Para concluir, você sabe qual o vinho que Thomas Jefferson brindou assim que foi assinada a Declaração de Independência dos Estados Unidos?


Sim, um vinho da Madeira!



Uvas da Ilha da Madeira


São muitas as variedades de uvas utilizadas para a produção de vinhos na Região Demarcada da Madeira.


Dentre as mais utilizadas estão:


Sercial: Uva branca geralmente cultivada nas vinhas mais frescas, em alturas de até 1.000 metros no lado norte da ilha. No continente leva o peculiar nome de “Esgana Cão”.


Devido à altura em que é cultivada, amadurece com dificuldade e produz um vinho seco e ácido.


Com a fortificação e o envelhecimento em barril, um bom Sercial é, seco, picante e austero. Sirva como aperitivo, talvez com azeitonas, salmão defumado ou amêndoas torradas.


Verdelho: Uma uva branca, também predominantemente plantada no lado norte mais frio da ilha, tende a produzir um vinho que vai de meio seco a médio doce, talvez com um leve tom de caramelo. Sirva com presunto ou patês.

Boal: Uma uva branca, cultivada em locais mais quentes da costa sul da ilha da Madeira, atinge níveis mais altos de açúcar do que as anteriores.


Produz vinho com sabor de passas e caramelo, mas ainda ácido. Sirva em temperatura ambiente com queijo duro, frutas secas, bolos ou torta de frutas.


Malvasia: Uma uva branca produzida principalmente em locais mais quentes no sul da ilha, ao redor de Câmara de Lobos, a oeste de Funchal.


Produz um vinho ricamente doce, que, apesar disso, não enjoa, graças ao alto nível de acidez encontrado em todos os vinhos da Madeira.


Sirva em temperatura ambiente com um bolo de frutas, sobremesas de chocolate ou café.


Tinta negra: É a uva mais plantada na ilha. Faz bons vinhos, mas que raramente tem as qualidades e o estilo de conservação das quatro anteriores.



Como É Feito O Vinho Na Ilha Da Madeira?


Os Vinhos desta ilha são únicos. Não só pela sua doçura maravilhosa e palato texturizado, mas também por sua capacidade de resistir.


A maioria dos vinhos do mundo se oxidará quando deixado aberto, mas, na Madeira, isso não acontece!


A fórmula para isto é uma tríade simples: oxigênio, tempo e calor. O que, certamente e destrutivo para a maioria dos vinhos, não é para os feitos na Ilha da Madeira.


Para fazer o vinho Madeira, o suco prensado é fermentado e rapidamente fortificado com álcool proveniente de uva.


O momento em que é adicionado o álcool permite que o vinho resultante seja doce ou seco, dependendo de quando a fermentação do açúcar da uva foi interrompido. Mas todos os vinhos terão alto teor alcoólico.


O vinho jovem fortificado é então aquecido através de dois métodos: estufagem e canteiro.


Estufagem

Uma estufa é um recipiente grande – geralmente de aço inoxidável – forrado com canos.


Os canos circulam água quente ao redor do recipiente até o vinho atingir o máximo de 50 graus Celsius.


Em seguida, é mantido nessa temperatura por aproximadamente 3 meses antes do engarrafamento. Porém, há uma regra: resumidamente, vinhos desse processo, a priori não poderão ser engarrafados, tão pouco vendidos nos dias que antecedem 31 de outubro do segundo ano após a colheita. Como o processo de aquecimento é bastante rápido no método de estufagem, a bebida resultante tende a mostrar sabores de caramelo queimado.


Canteiro

No método Canteiro, vinhos mais jovens e fortificados são transferidos para barris de madeira e colocados em um sótão na cobertura. Lá são expostos ao calor do sol, que bate nos telhados.


Como o tempo necessário para aquecer o vinho é consideravelmente mais demorado, O resultado final é menos de caramelo e mais aromas e sabores de frutas frescas.


Concluímos lembrando que tudo isto serve para reproduzir as condições dos antigos vinhos da Madeira, os quais passavam longos tempos pegando sol em caravelas que navegavam por meses (anos).


É um processo tão carinhoso e com tanto respeito histórico que você realmente deve experimentar um vinho da Ilha da Madeira!