Ah... um bom vinho do porto evoca à boa terra, o doce cheiro de jasmim das estradas do Ribatejo, a maresia e o doce som das ondas quebrando nas rochas de Santarém.

 

De Lisboa, da agitação do Chiado à simpatia do bom povo da Mouraria, com cochichos ao fundo que tomam a forma de canção.

 

Vinho português, terra de conquistadores, que desbravaram o além-mar atrás de glórias e como disse a porta Fernando Pessoa:

Deus ao mar o perigo e o abismo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.”

 

E se Deus deu ao salgado mar (sal de lágrimas de Portugal) o espelho do céu...

 

Também deu à terra abençoados campos verdes, temperados com sal, não de lágrimas, mas de suor de trabalhadores, para tirarem do chão sagrado a uva que é transformada neste magnífico vinho.

 

Para falar de Vinho do Porto é preciso respeito e reverência, mas também noção do privilégio, pois poucos alimentos são tão ligados à alma de um povo quanto ele.

 

Ele é produzido na região do Douro, atravessada por um rio de mesmo nome, e que fica ao Leste da cidade do Porto.

 

Existem diversas uvas que são autorizadas para a fabricação deste vinho, e as mais comuns são:

  • Tinta Cão;
  • Tinta Barroca;
  • Touriga Nacional;
  • Touriga Franca;
  • Tinta Roriz.

 

 

Um pouco da história do Vinho do Porto

 

Já se bebia vinho em Portugal desde a antiguidade.

 

Relatos de Estrabão - grande geógrafo grego - afirmam que o povo proto-português já consumia esta bebida desde o século II a.C.

 

As suas vinhas eram à margem do rio Douro, mesmo local onde hoje é produzido o Vinho do Porto.

 

Mas, os primeiros vinhos que vieram a ser conhecidos por este nome datam da segunda metade do século XVII.

 

Existe bastante polêmica sobre a verdadeira origem do Vinho do Porto. A história mais aceita conta que alguns comerciantes da Inglaterra estavam em Lamego (cidade próxima de Porto) e conheceram alguns monges de um mosteiro local.

 

Estes monges apresentaram a eles um vinho que lá era produzido, forte, bastante alcoólico e doce.

 

Os comerciantes, fascinados com o vinho, compraram uma quantidade enorme de barris e venderam na Inglaterra, onde ele fez muito sucesso.

 

Na época, o Ministro da Economia de Luís XIV, chamado Colbert, impôs uma sanção em cima de produtos Ingleses, visando restringir sua importação na França.

 

Em retaliação, o Rei da Inglaterra Charles III fez o mesmo com produtos franceses, e os ingleses, amantes de vinho, tiveram que buscar outros mercados para se saciarem.

 

Por isso, muitos comerciantes ingleses acabaram se estabelecendo na cidade do Porto.

 

Pois era mais fácil o transporte e, como os barris vinham com o nome “Vinho do Porto” e era um produto Português, ele escapava das sanções econômicas de ambos os países.

 

Por este motivo existem tantas Caves com nomes Ingleses, como Graham´s e Taylor´s, entre outras.

 

Lembrando que o Vinho do Porto é o terceiro do mundo a ter uma Denominação de Origem Controlada (1756).

 

Ficando atrás apenas das regiões de Tokaji, na Hungria (em 1730) e a de Chianti, na Itália (1716).

 

 

Breves características do Vinho do Porto

 

O Vinho do Porto é conhecido por ser bem doce e possuir um alto teor alcoólico, com uma média de 22%.

 

Para conseguir este resultado utiliza-se um procedimento semelhante ao dos monges de Lamego:

 

Interromper a fermentação com a adição de aguardente de uva, mantendo o açúcar das uvas, e concedendo ao Vinho do Porto o seu sabor único.

 

Mas existem vários tipos de Vinho do Porto que vão desde o extra-seco até muito doce, cada um com suas características.

 

As mais conhecidas são:

 

Ruby

Um vinho jovem com uma cor de vermelho rubi, possui um aroma intenso e muito frutado.

Ele fica em grandes barris de carvalho por cerca de 2 a 3 anos, mantendo suas características originais.

 

Tawny

Feito com as mesmas uvas do tipo Ruby, mas com a diferença de que o tempo passado envelhecendo em barris de carvalho é muito maior, podendo chegar a 20 anos (ou mais).

Isto favorece um maior contato com a madeira, o que lhe confere uma cor menos intensa que a do vinho Ruby.

 

Branco

Feito com uvas brancas, trata-se de um vinho jovem. Pode ser doce ou seco.

Existem alguns outros tipos de Vinhos do Porto:

 

Reserva – É feito como os anteriores, mas com uvas selecionadas e de altíssima qualidade;

Tawny envelhecido – Envelhecido de 10 a 40 anos. Quanto maior o tempo ele fica no barril, mais complexo e mais claro o vinho fica;

Tawny colheita – Feito com uvas de um mesmo ano e passa 7 anos envelhecendo;

Vintage – Feito com uvas de um mesmo ano, selecionadas, e depois do tempo no barril, ele envelhece de 10 a 50 anos na garrafa. É considerado uma preciosidade.

 

Espero que tenha despertado em você a vontade de experimentar um bom Vinho do Porto.

 

Mas... como ele é forte, cuidado para não exagerar, porque ele também é apaixonante.

 

E para terminar, um fado de homenagem ao vinho:

Eu já fui, a folha solta a bailar ao vento,

Fui raio de sol no firmamento,

Que trouxe a uva, doce carinho.

Ainda guardo o calor do sol

E assim eu até dou vida,

Aumento o valor seja de quem for

Na boa conta, peso e medida!